domingo, 18 de março de 2007

Real Time

Por Tiago Lupi Dias
Estamos vivendo na sociedade do
“Tempo Real”. Isto tem influência em várias
áreas, inclusive o trânsito.
É muito fácil, liga-se a Internet, e de
forma instantânea, ou temos as últimas notícias,
ou viajamos virtualmente por algum lugar do
mundo. Com o controle remoto na mão,
trocamos rapidamente de canal. A televisão, que
apresenta a realidade fragmentada, fica mais
despedaçada ainda, com o nosso zapping.
Talvez, nunca na história da humanidade,
tenhamos vivido um presenteísmo tão grande.
Temos descrença nas ideologias do passado, e
desconfiança do futuro. O importante é
aproveitar o momento. Isto gera uma nova forma
de agir. Os jovens, atualmente, ficam, ao invés
de namorar. O consumo de drogas é cada vez
maior, principalmente daquelas que nos fazem
ter várias e instantâneas sensações.
Um atento leitor deve ser estar se
perguntando, será que estou lendo um texto
moralista? Ledo engano, até aqui não utilizei
adjetivos como bom, ruim, e palavras do gênero.
Trata-se, apenas, de uma constatação.
Diríamos, uma percepção daquilo que nos
cerca. No entanto, existe uma área, com a qual
precisamos concordar, que este tipo de
comportamento não é nada bom. Estou falando
do trânsito.
Ao pegar no volante para viajar, as
pessoas querem “Real Time”. Sonham com o
dia em que o carro será como a Internet. Ou
seja, virar a chave (como se apertasse Enter) e
imediatamente se transpor de um lugar a outro.
Mas, enquanto este dia não chega, fazem
verdadeiras piruetas nas estradas. Quando
estamos com o controle remoto nas mãos,
queremos assistir a todos os canais ao mesmo
tempo. Em compensação, quando pegamos o
carro, queremos estar em todas as festas da
noite, passar em todos os lugares, quase de
uma só vez, para ver como está. Sem falar, que
esta situação, quase sempre envolve álcool.
Levando-se em conta a inteligência do leitor,
dispensável falar o resultado. Soma-se a tudo
isto, a vontade de viver o momento, sem se
importar com o futuro. Explicando melhor, o
sujeito pega o carro, e dane-se o amanhã, a
morte é banalizada, tal qual um videogame.
Detalhe, temos apenas uma vida.
Nossa intenção não foi fazer um
julgamento social. Nesta nova forma de agir
existem aspectos positivos e negativos. Cabenos
ressaltar os aspectos bons, e chamar a
atenção para as atitudes perigosas.

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